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Miopia: Diagnóstico, Causas, Sintomas e Tratamentos Atuais

Miopia Diagnóstico, Causas, Sintomas e Tratamentos Atuais COB Oftalmologia

Tabela de conteúdo

A miopia é um dos distúrbios visuais mais comuns em todo o mundo, caracterizada pela dificuldade de enxergar objetos à distância com nitidez.

Em um cenário onde o uso excessivo de telas e a redução do tempo ao ar livre se tornam parte da rotina, o número de pessoas com miopia cresce de forma significativa.

Estimativas mais recentes indicam que cerca de 28% a 30% da população mundial era míope em 2010, mas projeções para 2050 indicam que 50% da população poderá ser afetada.

Diante desse panorama, compreender a miopia, suas causas e as opções de tratamento é fundamental para preservar a saúde ocular e a qualidade de vida.

O que é a Miopia?

A miopia é um erro refrativo em que a focalização da imagem ocorre antes da retina, devido, geralmente, ao alongamento do globo ocular ou alterações na curvatura da córnea. Como resultado, a visão para longe fica embaçada, enquanto a visão de perto permanece adequada.

Por que a Miopia acontece?

Os principais fatores relacionados ao desenvolvimento da miopia incluem:

Predisposição genética

Filhos de pais míopes têm maior chance de desenvolver a condição. Se um dos pais é míope, o risco de a criança desenvolver miopia é duas a três vezes maior do que em crianças sem histórico familiar. Quando ambos os pais são míopes, o risco pode ser até seis vezes maior.

Essa predisposição genética está associada a alterações nos genes que regulam o crescimento do globo ocular e o desenvolvimento das estruturas oculares responsáveis pela focalização da imagem.

Hábitos modernos

Longas horas em atividades de visão próxima (uso de celulares, computadores, leitura) e pouca exposição à luz natural.

Sintomas da Miopia

Os sinais mais comuns que podem indicar a presença de miopia são:

Visão embaçada para objetos distantes

Este é o sintoma cardinal da miopia.

Necessidade de apertar os olhos para focar (estrabismo reflexo ou semi-fechamento das pálpebras)

Esse é um comportamento compensatório comum em míopes leves ou moderados, descrito como tentativa de aumentar a profundidade de foco através do chamado “pinhole effect” (efeito estenopéico natural ao semicerrar os olhos).

Dificuldade para enxergar em ambientes pouco iluminados (nictalopia subjetiva)

Pacientes míopes podem relatar piora da visão em baixa luminosidade. Isso ocorre porque a pupila dilata no escuro, ampliando aberrações ópticas, principalmente em quem tem miopia leve ou astigmatismo associado.

Dores de cabeça

A miopia isoladamente não costuma causar cefaléia (dor de cabeça), especialmente porque o míope geralmente vê bem de perto sem esforço acomodativo. No entanto:

  • Em miopia leve ou não corrigida, o esforço para enxergar de longe pode provocar desconforto, especialmente em atividades prolongadas.
  • Pseudocefaléias podem ocorrer quando há astigmatismo associado, ou quando o paciente força excessivamente a visão sem correção adequada.

Portanto, esse sintoma deve ser explicado com cautela, para não generalizar.

Cansaço ocular após leitura ou uso de telas

Esse é um sintoma discutível, pois está mais associado à hipermetropia ou insuficiência de convergência.

O míope não precisa acomodar para ver de perto, logo, ele costuma ser até mais confortável em tarefas próximas (por isso muitos retiram os óculos para leitura).

Porém, pacientes com miopia corrigida que passam muitas horas em frente às telas podem relatar astenopia, mas isso é mais relacionado à síndrome da visão do computador do que à miopia em si.

Miopia, Hipermetropia e Astigmatismo: Qual a diferença?

É comum a confusão entre os principais erros refrativos. Veja como diferenciá-los:

  • Miopia: Dificuldade para enxergar de longe. A imagem se forma antes da retina.
  • Hipermetropia: Dificuldade, principalmente, para enxergar de perto. A imagem se forma após a retina.
  • Astigmatismo: Visão distorcida ou borrada em qualquer distância, devido à curvatura irregular da córnea.

Temos um artigo completo sobre a diferença entre Miopia, hipermetropia e astigmatismo.

Como é feito o diagnóstico da Miopia?

O diagnóstico da miopia é simples e indolor, realizado por meio de exames oftalmológicos, como:

Exame Finalidade
Exame de Refração Determina o grau da miopia e de outros erros refrativos
Acuidade Visual Avalia a nitidez da visão em diferentes distâncias
Topografia Corneana Analisa a curvatura da córnea (importante para casos específicos)

Em crianças e adolescentes é necessário o uso de colírios para dilatar a pupila e garantir uma avaliação mais precisa do grau.

A Miopia pode piorar com o tempo?

Sim. A miopia costuma progredir durante a infância e adolescência, podendo se estabilizar na fase adulta. No entanto, em alguns casos, ela continua evoluindo.

Estudos indicam que a miopia pode aumentar, em média, entre 0,25 a 0,75 dioptrias (grau) por ano em crianças e adolescentes. Em casos considerados de progressão rápida, esse acréscimo pode ultrapassar 1,00 dioptria ao ano.

A progressão costuma ser mais acentuada entre os 6 e 16 anos, com tendência à estabilização no início da vida adulta, por volta dos 20 a 25 anos. No entanto, fatores genéticos e ambientais podem influenciar tanto o ritmo quanto a duração desse processo.

Tratamentos para Miopia

Atualmente, existem diversas opções eficazes para correção e controle da miopia:

  • Óculos de Grau: Solução prática e segura para correção visual.
  • Lentes de Contato: Alternativa confortável para quem busca mais liberdade no dia a dia.
  • Cirurgias Refrativas (LASIK, PRK): Indicadas para pacientes adultos com grau estabilizado, oferecem independência dos óculos.

Controle da Progressão

Lentes de contato especiais (ortoceratológicas)

As lentes de ortoceratologia (ou orto-k) são lentes de contato rígidas, gás-permeáveis, especialmente desenhadas para serem usadas durante a noite. Enquanto o paciente dorme, essas lentes remodelam temporariamente a curvatura da córnea, permitindo que, ao retirar as lentes pela manhã, a visão fique nítida ao longo do dia, sem a necessidade de óculos ou lentes convencionais.

Além de corrigirem a visão de forma reversível, as lentes de ortoceratologia têm se destacado como uma das principais estratégias no controle da progressão da miopia em crianças e adolescentes.

Uso de colírios de atropina em baixa dosagem

O uso da atropina em baixa dosagem (entre 0,01% e 0,05%) é uma opção terapêutica consolidada, respaldada por estudos clínicos, para o controle da progressão da miopia, especialmente em crianças e adolescentes. Os primeiros estudos relevantes sobre a eficácia da atropina diluída no controle da progressão da miopia surgiram no início dos anos 2000.

O grande marco foi o estudo ATOM 1 (Atropine for the Treatment of Myopia), publicado em 2006, que demonstrou a eficácia da atropina 1% no controle da miopia, mas com muitos efeitos colaterais. Posteriormente, o estudo ATOM 2 (2012) e o LAMP Study (2019) mostraram que concentrações mais baixas, como 0,01%, poderiam ser eficazes com muito menos efeitos adversos.

Orientações comportamentais: além  dos tratamentos clínicos, como lentes especiais e colírios, mudanças simples no dia a dia podem contribuir significativamente para reduzir a progressão da miopia, especialmente em crianças e adolescentes.

Principais recomendações

  • Aumentar o tempo ao ar livre: Expor-se à luz natural por, pelo menos, 2 horas diárias é uma das medidas mais eficazes para desacelerar a progressão da miopia.
  • Reduzir o tempo contínuo de telas e leitura próxima: Evite longos períodos em atividades que exigem visão de perto, como uso de celulares, tablets ou leitura prolongada.
  • Aplicar a regra 20-20-20: A cada 20 minutos, fazer uma pausa de 20 segundos, olhando para algo a pelo menos 20 pés (6 metros) de distância.
  • Garantir boa iluminação ao realizar atividades de perto: Ler ou estudar em ambientes bem iluminados reduz o esforço ocular.
  • Evitar postura inadequada: Manter uma distância mínima de 30 a 40 cm dos olhos em relação a livros, cadernos ou dispositivos eletrônicos.

Adotar essas práticas no cotidiano, principalmente em crianças com predisposição genética ou já diagnosticadas com miopia, pode fazer diferença no controle da evolução do grau.

Se você ou alguém da sua família apresenta sinais de miopia, agende uma consulta na COB Oftalmologia. O acompanhamento adequado é essencial para garantir uma visão saudável e uma melhor qualidade de vida.

Perguntas mais frequentes

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